Crescimento da Copa como negócio atraiu a corrupção
Direitos de transmissão transformaram torneio em maior fonte de receita da Fifa e foram desviados por cartolas.
Em 1954, a recém-criada Eurovisão, rede inglesa de TV, quis exibir alguns jogos do Mundial da Suíça e pagou à Fifa, em valores atualizados pela inflação, US$ 23,3 mil (R$ 85,6 mil) para fazer as primeiras transmissões ao vivo da história das Copas.
O acerto deu início à bola de neve que se tornou o valor das negociações de direitos de transmissão do Mundial, hoje a principal fonte de renda da Fifa com o torneio.
A entidade faturou US$ 6,3 milhões (R$ 23 milhões) com o torneio suíço, segundo Max Gehringer em sua obra "A Grande História dos Mundiais", escrita após pesquisa em jornais da época.
Sessenta anos depois, no Mundial de 2014, no Brasil, a entidade arrecadou US$ 5,1 bilhões (R$ 18,7 bilhões) com o Mundial. Desse total, US$ 3,2 bilhões (R$ 11,8 bilhões) foram oriundos da venda de direitos de transmissão do evento.
O volume de dinheiro movimentado no Mundial, cada vez maior, é resultado do crescimento da competição.
Primeiro, graças ao aumento do número de participantes. Em 1982, o torneio passou a ter 24 seleções em vez de 16. Desde de 1998 é disputado por 32 seleções. A partir de 2026, a competição passará a ter 48 equipes.
Segundo, devido a expansão geográfica das sedes. Antes de chegar à Ásia em 2002, com o Mundial da Coreia do Sul e do Japão, os EUA receberam pela vez a competição em 1994.
Neste século, além da Ásia, a Copa chegou à África e voltou à América do Sul após mais de 35 anos.
Se todos esses dados explicam o faturamento bilionário da dona da Copa, também mostram como a entidade abriu suas portas para a corrupção. Para ser mantido, o padrão Fifa precisa de governos e do setor privado.
"A grande corrupção no futebol começou com a cobertura televisiva e a oportunidade de atrair patrocinadores", diz Bruce Bean, professor de Direito da Universidade do Estado de Michigan (EUA).
De acordo com a Justiça dos EUA, os contratos de direitos de transmissão e de marketing da Fifa alimentavam negociações escusas entre cartolas e empresários.
As empresas que intermediavam as vendas dos torneios para redes de televisão e patrocinadores pagavam propina aos dirigentes esportivos, revelaram as investigações. Em troca, os cartolas facilitavam os negócios entre a Fifa e as corporações envolvidas.
Para o especialista em grandes entidades internacionais, dados indicam aumento dos casos de corrupção relacionados aos Mundiais a partir de 1974, na Alemanha.
A popularidade adquirida pela competição também tornou-a objeto de desejo de países que buscam aumentar seu prestígio no cenário geopolítico internacional, casos de Brasil, Rússia e Qatar -sedes das Copas do Mundo de 2014, 2018 e 2022, respectivamente.
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