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| Uma caveira (esquerda) mostra que o Australopithecus anamensis (reconstrução do artista, à direita) tinha um cérebro pequeno e uma face protuberante. |
Por meses, o pastor Ali Bereino estava tentando conseguir um emprego para uma equipe de caçadores de fósseis no nordeste da Etiópia. O homem Afar ficou por ali, observando e aprendendo. Um dia, em fevereiro de 2016, Bereino cavou um buraco para manter-se protegido das hienas.
Ele notou dentes saindo da areia compacta e tirou uma queixada, que ele trouxe para o líder da equipe, a paleoantropóloga etíope Yohannes Haile-Selassie, do Museu de História Natural de Cleveland, em Ohio. Colocando de lado quase meio metro de excrementos de cabra e peneirando sedimentos, a equipe desenterrou o crânio quase completo de um ancestral humano enigmático, o membro mais velho do gênero que acabou por nos levar à nossa.
Após 3 anos de análise, os pesquisadores dataram o fóssil para 3,8 milhões de anos e o identificaram como Australopithecus anamensis , um hominídeo considerado o predecessor direto da famosa espécie "Lucy", A. afarensis . O novo fóssil pode reformular essa antiga relação, argumentam os autores nesta semana em dois artigos na Nature .
Pesquisadores elogiam o crânio como uma das mais importantes descobertas de hominídeos em décadas. "É um achado espetacular", diz Carol Ward, anatomista evolucionária da Faculdade de Medicina da Universidade de Missouri, na Colômbia. "Várias equipes - inclusive minha - estão procurando por um crânio de australopiteco assim ... Esse é o espécime que esperávamos".
Fonte: Science
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